sábado, 14 de abril de 2012

Religiões Indígenas



O conhecimento do fenômeno religioso nas tradições indígenas sugere um repensar sobre o nosso conceito acerca desses povos e sua milenar sabedoria e cultura.
Os índios querem continuar sendo índios e têm esse direito assegurado na Constituição do nosso país. “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.” (Constituição Federal – Art. 231).

Conhecer as expressões religiosas dos povos indígenas permite compreender melhor a sua cultura e superar o preconceito que muitos ainda têm em relação ao índio e seu modo de vida.

ESTRUTURA DAS RELIGIÕES INDÍGENAS - A estrutura das religiões indígenas é sólida e muito bem elaborada, permitindo a equilibração do homem com o meio intra e extra psíquico. A harmonia deste com a Mãe Terra é condição básica para sua sobrevivência e é, portanto, elemento inseparável de seus ritos e encontro com a transcendência.
A IDÉIA E A REPRESENTAÇÃO DO TRANSCENDENTE - O Transcendente (Deus) em algumas tribos é compreendido como um ser natural, bondoso, que gosta de todos e que está em paz com todos os seres. Algumas nações acreditam no Transcendente como um Ser Superior e em seres menores, seus auxiliares. Há também religiões que acreditam num mundo espiritual povoado de divindades (espíritos), sem uma hierarquia definida entre eles. São os espíritos dos ancestrais, os espíritos das florestas, das ervas medicinais, entre outros. Os espíritos maus devem ser apaziguados e os bons devem ser convencidos a ajudá-los. Os nomes dados à divindade superior e aos espíritos variam de uma nação para outra: Maíra, Itukoóviti (aquele que criou todas as coisas), Nhyanderú, Nhyanderuvusú, Nhyanderupapá, etc. Entretanto, a maioria das tribos dá mais atenção às mitologias de heróis míticos, caracterizados como heróis civilizadores, que ensinaram técnicas, costumes, ritos e as regras sociais aos membros da tribo. Em algumas tribos o sol ou a névoa que cobre as florestas à tardinha ou de manhã é considerado como o reflexo e a representação ou manifestação do Ser Supremo ou das divindades. Contudo, cada nação concebe o Transcendente e o representa de forma diversa.
A IMPORTÂNCIA DO RITO - O rito fundamenta toda a realidade, define a organização da vida social e é fonte de memória e conhecimento. Há rituais para celebrar o fim das estações da chuva ou seca, outros para comemorar a chegada das colheitas; há rituais de casamento e vitórias em guerras com outras tribos.
Revestem-se de grande importância para as famílias os rituais de iniciação ou passagem para a vida adulta dos jovens e também o nascimento de crianças. Os rituais estão ligados aos mitos. O ritual e o mito atualizam o passado e ajudam a modificar e compreender o presente.
TEXTO SAGRADO - O texto sagrado é transmitido na forma oral. São histórias míticas que os sábios anciões contam oralmente para toda a tribo, preservando assim a sabedoria e a tradição. 
Os mitos falam geralmente da origem e transformação do universo, da vida, das outras nações indígenas, dos fenômenos de ordem espiritual ou sobrenatural que acontecem com as pessoas na aldeia. Contam como os homens aprenderam a cultivar a terra, a fabricar os instrumentos, qual a posição de sua sociedade tribal em relação às outras, quem instituiu as suas regras sociais e ritos religiosos, o que acontece com as pessoas depois da morte, etc. Atualmente, porém, algumas comunidades indígenas utilizam a escrita.
VIDA ALÉM MORTE - De modo geral, nas diversas nações indígenas, acredita-se que cada pessoa possui um espírito imortal. A idéia de espírito difere de um grupo para outro. Há comunidades como os Krahó, ramo dos Timbíra, que acreditam que não somente os seres humanos possuem espírito, mas todos os seres sejam animais, vegetais ou minerais. Alguns dividem a alma em duas forças, uma das quais permanece na terra em situação de perigo para os seres vivos e outra parte vai para o paraíso.
Os Kaingáng acreditam que o indivíduo, após a morte, torna-se outra vez jovem, vivendo mais uma vida em outro plano existencial. Morre novamente, transformando-se num pequeno inseto, formiga preta ou mosquito. Os Kayová acreditam que o espírito ou alma tem uma parte sublime, de origem celeste e outra parte menos boa da alma que se desenvolve durante a existência do indivíduo. Para essa tribo, a reencarnação só é possível para as almas das crianças que morreram. De modo geral, predomina a crença de que a morte é o corte abrupto da vida e início de outra vida repleta de alegrias.
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